A insatisfação do PMDB com o tratamento dado pelo governo Dilma ao
partido não se resume apenas à bancada na Câmara. Segundo integrantes da
cúpula da legenda ouvidos pelo Broadcast Político, serviço de notícias
em tempo real da Agência Estado, existe um movimento interno para que se
faça uma pré-convenção no mês de abril. Nesse encontro seria tirada uma
posição quanto a permanência na aliança com o governo Dilma.
Atualmente, a legenda ocupa cinco ministérios (Minas e Energia,
Previdência, Agricultura, Turismo, Aviação Civil) além da
Vice-Presidência da República com Michel Temer.
“O movimento existe, mas não se sabe quantos diretórios estão pedindo a
pré-convenção porque nada foi formalizado ainda”, disse o presidente do
PMDB, senador Valdir Raupp (RO). Para que seja realizada a pré-convenção
é necessário pelo menos o apoio de um terço dos 27 diretórios estaduais
da legenda. O encontro, no entanto, não tem efeito legal uma vez que as
convenções, de acordo com a Lei Eleitoral, estão previstas para ocorrer
entre 10 e 30 de junho. É nesse período que todos os candidatos são
oficializados. Uma pré-convenção, entretanto, serviria como sinal de
alerta tanto para Dilma quanto para Michel Temer, que trabalha pela
manutenção da aliança.
Nos Estados
Segundo um integrante da cúpula do PMDB, ao menos dez Estados já
estariam dispostos a pedir a realização da pré-convenção, entre eles Rio
de Janeiro, Paraná, Santa Catariana, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do
Sul, Ceará, Paraíba, Piauí, Acre e Goiás. “Esse movimento está
crescendo, só não vê quem não quer”, disse o dirigente que não quis se
identificar. O clima de desgaste entre o PMDB e o Palácio do Planalto
pôde ser percebido na tarde desta quarta. A bancada da Câmara aprovou um
documento em que “deixam à disposição” da presidente Dilma a indicação
dos nomes que irão integrar a reforma ministerial.
Durante o encontro, que durou cerca de 3h, realizado em um dos plenários
da Casa, vários deputados foram ao microfone se queixar do tratamento
dado pela presidente à bancada. “O clima foi bem quente”, disse no final
da reunião o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ). No início do
governo Dilma, a bancada indicou os nomes para os ministérios do Turismo
e Agricultura ocupados atualmente por Gastão Vieira e Antônio Andrade,
respectivamente. Os dois deverão deixar o cargo até o início de abril
para disputarem as próximas eleições.
O clima entre a bancada o Palácio do Planalto começou a “azedar” quando a
presidente Dilma vetou os nomes dos deputados Leonardo Quintão (MG),
Eliseu Padilha (RS) e Sandro Mabel (GO), indicados pela bancada para
substituir os atuais ministros. Além do veto, também causou desgaste o
fato de a petista ter sinalizado ao partido que a vaga para o ministério
da Integração deveria ser ocupada pelo líder do PMDB no Senado, Eunício
Oliveira (CE).
Na avaliação dos deputados, a manobra serviria apenas para atender ao
próprio PT uma vez que afastaria Eunício Oliveira da disputa do governo
do Ceará. A candidatura do senador vem enfrentando resistência do atual
governado Cid Gomes (PROS) que deve indicar um nome do seu grupo e ter
como aliado o PT.
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