terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Malária faz Anajás decretar emergência


Segundo o diretor do Departamento de controle de Endemias: Não há motivos para que se instalasse uma situação de calamidade ou de emergência no município

Anajás, na região do Marajó, está em estado de emergência por causa do número crescente de casos de malária, conforme aponta a prefeitura. De acordo com o prefeito Vivaldo Mendes (PP), o “pedido de socorro” é porque a administração municipal não conta com recursos para combater um surto da doença. Os números da Secretaria Municipal de Saúde apontam que dos 24.771 habitantes de Anajás, 21.179 já tiveram a doença. Deste total, 18.447 seriam casos novos e 2.732 seriam casos de recaídas. No entanto, a prefeitura não soube informar o período em que esses registros foram feitos. Tais números foram contestados pela Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), que afirma que os casos de malária têm diminuído.
Em Anajás, por exemplo, no mês passado foram registrados somente 368 novos casos. Até o final do mês a Sespa promete enviar para a cidade cinco mil mosquiteiros, dez mil testes rápidos de malária e dez rabetas, pequenas embarcações a motor utilizadas por agentes de saúde para visitar as famílias ribeirinhas.
O decreto de estado de emergência em Anajás foi publicado ontem no Diário Oficial do Estado. Vivaldo afirma que os casos de malária têm aumentado este mês. “Só hoje (ontem) quando passei pelo hospital tinham dez pacientes internados com malária, fora os que fazem tratamento e os ribeirinhos”, disse o prefeito. “Em fevereiro estes números devem aumentar porque é quando a gente registra os maiores números da doença”, teme.
Ele afirma que por causa da transição de governo municipal a prefeitura estaria sem recursos em caixa – o que impossibilita uma ação imediata. “A solução foi pedir socorro porque não temos dinheiro”, destacou.
Para o diretor do Departamento de Controle de Endemias da Sespa, Bernardo Cardoso, não há motivos reais para que se instalasse uma situação de calamidade ou de emergência no município de Anajás. “Em dezembro foram registrados 368 novos casos e antes a cidade chegava a atingir até 1500 casos da doença em um mês – aí sim seria preocupante”, enfatizou Cardoso.
“A cada quatro meses, a Sespa envia quase R$ 60 mil para o município – o que dá uma média de R$ 15 mil reais por mês – para que sejam feitas ações de combate à malária. É preciso verificar de que forma este recurso vem sendo aplicado”, atentou o diretor ,que pretende acionar o Ministério Público para fiscalizar o relatório feito pela prefeitura de Anajás, no qual aponta o número de casos da doença.
Bernardo informou ainda que o Estado vai consertar dois barcos, pertencentes à prefeitura, para que possam ser usados novamente no trabalho de combate à epidemia.
NÚMEROS DA SESPA
De acordo com o Departamento de Controle de Endemias da Sespa, o número de casos de malária caiu de 182 mil para 88 mil registros, entre 2010 e 2011, em 27 municípios paraenses. De janeiro a novembro de 2012, o número de casos atingiu a marca dos 73.366 – uma queda de 32% em relação ao período do ano anterior, quando foram registrados 107.965 casos.
A redução também foi observada nos municípios que eram considerados prioritários, entre eles Anajás e Itaituba, que são os que possuem o maior número de pacientes com Malária. “Eu desafio vocês a virem aqui (na Sespa) dentro de três meses para questionar se não diminuímos os números de casos de malária”, desafiou Bernardo, que confirmou apoio a Anajás.
MALÁRIA
A malária é uma doença infecciosa febril aguda, transmitida peloparasita do gênero Plasmodium. A transmissão natural da malária ocorre por meio da picada da fêmea infectada do mosquito do gênero Anopheles, que se infecta ao sugar o sangue de um doente.
As pessoas infectadas podem apresentar sinais e sintomas como: dor de cabeça, dor no corpo, fraqueza, febre alta e calafrios. Em geral, esses quadros são acompanhados por dor abdominal, dor nas costas, tontura, náuseas e vômitos. A Amazônia brasileira detém 99,7% dos casos de malária no mundo.
EM NÚMEROS
18 mil
Casos novos da doença teriam sido registrados em Anajás, diz o prefeito. Sespa contesta e diz que números são bem menores. Em dezembro passado, por exemplo, foram só 368 novos casos.

Fonte: Diário do Pará

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