A greve na Polícia Civil, decidida em assembleia geral na semana
passada, começou no primeiro minuto da madrugada de hoje e não tem prazo
para acabar. “O governo se manteve intransigente em atender nossas
reivindicações e ignorou os dez ofícios que foram mandados para ele
desde abril. Por isso, não tivemos outra alternativa a não ser parar
tudo, mantendo apenas os 30% previstos em lei de atendimento ao público
para os casos de urgência e procedimento de flagrantes”, explicou ao
DIÁRIO o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Pará
(Sindpol), Rubens Teixeira.
Além de toda a região metropolitana de Belém, o sindicato garante que a
paralisação atinge as principais cidades de todas as regiões do estado,
como Santarém, Marabá, Altamira, Itaituba, Parauapebas, Redenção,
Abaetetuba, Bragança, Castanhal e mais de 50 municípios. Os policiais
exigem o cumprimento da carga de 44 horas semanais, melhores condições
de trabalho, pagamento antecipado das diárias, isonomia entre nível
médio e superior, gratificação de escolaridade (nível superior),
progressões funcionais e incorporação do abono salarial.
“Nós continuamos abertos ao diálogo”, disse Teixeira. Prova disso é que,
segundo ele, na manhã de ontem, 25 representantes do Sindpol e o
deputado estadual psolista Edmilson Rodrigues foram até o Ministério
Público Estadual (MPE) pedir ao procurador-geral de Justiça, Marco
Antônio das Neves, a mediação do órgão nas negociações entre os
policiais e o governo.
Durante a audiência com Neves, os diretores do sindicato entregaram
cópias dos documentos com a pauta de reivindicações e ofícios
encaminhados no decorrer do ano à Secretaria Estadual de Administração
(Sead) solicitando abertura de negociação, bem como cópia do ofício
endereçado ao Tribunal de Justiça sobre a deflagração da greve a partir
desta terça-feira.
Neves manifestou aos diretores do Sindpol a preocupação dele com a
segurança pública da sociedade e com as consequências da deflagração da
greve. “É preciso resguardar os direitos de todos, por isso o Ministério
Público do Estado vai acompanhar esse processo e fazer a mediação”,
anunciou o chefe do MPE.
A promotora de Justiça Maria da Penha Araújo, que acompanhou a reunião,
destacou que dentro da extensa pauta apresentada o Ministério Público
fará uma análise de quais questões poderá atuar. O deputado Edmilson
Rodrigues falou de vários itens da pauta de reivindicações e a
importância do Ministério Público dialogar com a classe e governo. “O
papel do MP na greve dos trabalhadores da educação foi importante”,
destacou. “O Ministério Público atuará na busca de uma solução que evite
prejuízos à sociedade”, completou Neves.
Indagado por que a greve, decidida no dia 19, só começou ontem, o
diretor do Sindpol, José Pimentel, explicou que a entidade precisava
cumprir algumas normas estabelecidas em lei, como a comunicação ao
Judiciário sobre o posicionamento tomado, avisar à população em geral,
além de mobilizar toda a categoria em outros municípios.
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